Numa sessão de perguntas e respostas com o coordenador do Departamento de Estudo de Budismo da SGI, Katsuji Saito, durante o 2o Curso Latino-Americano de Budismo, realizado em janeiro deste ano, no Centro Cultural Campestre, um dos participantes perguntou: “Qual deve ser a postura do discípulo para que o Kossen-rufu não se perca e possa ser eternizado?” O Sr. Saito respondeu que se o discípulo levantar-se com o mesmo coração do mestre, então o Kossen-rufu poderá ser eternizado. Entendemos, portanto, que a chave é a unicidade de mestre e discípulo.
O coração do grande rei leão é constituído por dois importantes pontos — o coração do Buda e o espírito do Buda.
O coração do Buda refere-se ao grande desejo do Buda pela ampla propagação da Lei, isto é, o desejo pelo Kossen-rufu. Em japonês, é expresso pela palavra daigan, que é compreendido também por “juramento”.
O espírito do Buda é o espírito de não poupar a própria vida (“fuji-shaku-shum-myo”, em japonês). Não significa morrer pela lei, mas, sim, dedicar a vida, viver plenamente pela lei, colocando o Kossen-rufu em primeiro lugar.
Assim, daigan e o espírito de fuji-shaku-shim-myo constituem o coração do grande rei leão.
Os seguintes trechos da explanação do escrito “Herança da Suprema Lei da Vida” elucidam esse ponto. Nela, Nitiren refere-se à questão de como podemos herdar a lei e manifestá-la em nossa própria vida:
“Nitiren tem se dedicado a despertar todas as pessoas do Japão para a fé no Sutra de Lótus de modo que elas também compartilhem essa herança e alcancem o estado de Buda. Entretanto, em vez disso, elas têm me perseguido de várias formas e finalmente me baniram para esta ilha. Todavia, o senhor seguiu Nitiren e, como resultado, enfrentou sofrimentos. Sofro profundamente ao pensar em sua angústia. O ouro não pode ser queimado pelo fogo e tampouco corroído nem destruído pela água, mas o ferro pode. Uma pessoa nobre é como o ouro, ao passo que o tolo é como o ferro. O senhor é como o ouro puro porque abraça o ‘ouro’ do Sutra de Lótus. O sutra afirma: ‘Assim como dentre todas as montanhas o Monte Sumeru é o primeiro, esse Sutra de Lótus também é o primeiro entre todos os outros sutras.’ O sutra também declara: ‘A boa sorte que o senhor acumula por isso... não pode ser destruída pelo fogo nem corroída pela água’. Devem ter sido os laços cármicos do distante passado que fizeram com que o senhor se tornasse meu discípulo em uma época como esta. Sakyamuni e Muitos Tesouros com certeza atestam esse fato. A declaração do sutra de que ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram vários lugares, várias terras do Buda e constantemente renasceram em companhia de seus mestres’, não pode, de maneira alguma, ser falsa.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 3, págs. 176–178.)
Daishonin incentiva ao máximo Sairembo, o recebedor dessa carta, pela sua persistência na fé sem se entregar perante as dificuldades. E ensina sobre o profundo significado da unicidade de mestre e discípulo (shitei funi).
Logo no início, Daishonin elucida sobre o coração do mestre, declarando Nitiren ter se dedicado a despertar todas as pessoas do Japão para a fé no Sutra de Lótus de modo que elas também compartilhem essa herança e alcancem o estado de Buda. Esse é o juramento do Buda em querer a iluminação de todas as pessoas conforme elucidado no Sutra de Lótus, e é o próprio juramento do Kossen-rufu (Daigan).
Um aspecto de fundamental importância contido nesse escrito é que, no budismo, essa herança da suprema Lei da vida é aberta a todas as pessoas. Ao compreendermos o profundo significado desse aspecto da herança da Lei, torna-se nítida a diferença entre a religião mundial do humanismo, promovida pela SGI, e o autoritarismo do clero.
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