terça-feira, 26 de outubro de 2010

Capítulo Hoben (Meios)

Niji sesson. Ju sanmai.Anjo ni ki. Go Sharihotsu. Sho-bu-ti-e. Jinjin muryo. Go ti-e mon. Nangue nannyu. Issai shomon. Hyaku-shi-butsu. Sho-fu-no-ti. 
Nesse momento, o Buda levantou-se serenamente de sua meditação e dirigiu-se a Sharihotsu, dizendo: "A sabedoria dos budas é infinitamente profunda e imensurável. O portal dessa sabedoria é difícil de compreender e de transpor. Nenhum dos homens de erudição ou de absorção é capaz de compreendê-la.
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Sho-i sha ga. Butsu zo shingon. Hyaku sen man noku. Mushu sho butsu. Jin gyo sho- butsu. Muryo doho. Yumyo shojin. Myosho fu mon. Joju jinjin. Mi-zo-u-ho. Zui gui sho setsu. Ishu nangue.

Qual é a razão disso? Um buda é aquele que serviu a centenas , a milhares, a dezenas de milhares, a incontáveis budas e executou um número incalculável de práticas religiosas. Ele empenha-se corajosa e ininterruptamente e seu nome é universalmente conhecido. Um Buda é aquele que compreendeu a Lei insondável e nunca antes revelada, pregando-a de acordo com a capacidade das pessoas, ainda que seja difícil compreender a sua intenção.
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Sho-i-sha-ga. Nyo-rai-ho-ben. Ti-ken-ha-ra-mi-tsu. Kai-i-gu-soku
Qual a razão disso? A razão está no fato de o Buda ser plenamente dotado dos meios e do paramita da sabedoria.
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Shari-hotsu. Nyo-rai-ti-ken. Ko-dai-jin-non. Mu-ryo-mu-gue. Riki..Mu-sho-i.Zen-jo. Gue-da. San-mai. Jin-nyu-mu-sai.Jo-ju-i-sai. Mi-zo-u-ho.
Sharihotsu, a sabedoria do Buda é ampla e profunda. Ele é dotado de imensurável benevolência, ilimitada eloqüência, poder, coragem, concentração, liberdade e samadhis (meditação), aprofundou-se no reino do insondável e despertou para a Lei nunca antes revelada.
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Shari-hotsu. Nyo-rai-no. Shu-ju-fun-betsu. Gyo-se-sho-ho. Gon-ji-nyu-nan. E-ka-shu-shin. Shari-hotsu.Shu-yo-gon-shi. Mu-ryo-mu-hen. Mi-zo-u-ho. Bu-shitsu-jo-ju.
Sharihotsu, o Buda é aquele que sabe como discernir e como expor os ensinos habilmente. Suas palavras são ternas e gentis e podem alegrar o coração das pessoas. Sharihotsu, em síntese, o Buda compreendeu perfeitamente a Lei ilimitada, infinita e nunca antes revelada.
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Shi-Shari-hotsu. Fu-shu-bu-setsu. Sho-i-sha-ga. Bu-sho-jo-ju. Dai-iti-ke-u. Nan-gue-shi-ho.
Chega, Sharihotsu! Não vou mais continuar pregando. Por quê? Porque a Lei que o Buda revelou é a mais rara e a mais difícil de compreender.
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Yui-butsu-yo-butsu. Nai-no-ku-jin. Sho-ho-ji-so. Sho-i-sho-ho. Nyo-ze-so. Nyo-ze-sho. Nyo-ze-tai. Nyo-ze-riki. Nyoze-sa. Nyo-ze-in. Nyo-ze-en. Nyo-ze-ka. Nyo-ze-hô Nyo-ze-hon má-ku-kyo-tô
A verdadeira entidade de todos os fenômenos somente pode ser compreendida e partilhada entre os budas. Essa realidade consiste de aparência, natureza, entidade, poder, influência, causa interna, relação, efeito latente, efeito manifesto e consistência do início ao fim.

O Budismo de Nitiren Daishonin

O que é budismo? O Sutra de Lótus dá a resposta mais clara possível — é uma filosofia de vida. Mais especificamente, o budismo ensina como purificar a vida, desenvolver a sabedoria para compreender a verdade da vida e a estabelecer a verdadeira independência.

No milênio que se seguiu à morte do Buda Sakyamuni, seus ensinos foram registrados e transmitidos, dando surgimento a uma confusa série de sutras. Porém, quando se reconhece que o Sutra de Lótus é o âmago de todos eles, compreende-se que juntos formam o que é na verdade uma volumosa elucidação da filosofia da vida. No entanto, os sutras budistas apresentam individualmente muitos mistérios aparentes. Alguns propõem, por exemplo, regras de disciplina monástica que traçam rigorosamente como deve ser o comportamento correto ao passo que outros contam histórias de um passado inimaginavelmente distante como se tivessem acontecido ontem. De acordo com alguns sutras, incontáveis budas e bodhisattvas do distante passado, e também dos confins do Universo, reúnem-se onde Sakyamuni está expondo seus ensinos aos seus discípulos.
Outros também descrevem um certo mundo que fica a dez milhões de anos luz da Terra de forma tão clara como se fosse projetado em uma tela, ou sustentam que um bodhisattva foi às entranhas da terra para ver sua mãe em uma existência passada. Muitas outras parábolas e acontecimentos inconcebíveis são descritos nos sutras. O grande número de escrituras budistas pregadas por Sakyamuni são cheias de mistérios, como se fossem uma grande selva sem trilhas.

Vagando por essa densa floresta das doutrinas budistas, muitos adeptos ficaram completamente confusos. Eles eram forçados a escolherem um sutra, apesar de terem apenas uma informação parcial e não soubessem exatamente onde estavam ou para onde iam. É por isso que surgiu um grande número de interpretações conflitantes e escolas à mesma época em que os ensinos de Sakyamuni se propagaram na Índia, no Tibete, na China, no Japão, em Mianmar e na Tailândia — todos países que tiveram contato com o budismo.

No entanto, o próprio Sakyamuni deixou uma indicação para conduzir as pessoas às suas verdadeiras intenções. No Sutra de Lótus e em seu prólogo, o Sutra Muryogui (Sutra dos Infinitos Significados), consta que o Sutra de Lótus revela a verdade máxima da iluminação de Sakyamuni e que é o mais supremo de todos os seus ensinos. Todavia, muitas pessoas desprezavam isso cheias de indiferença, ou talvez por não terem conhecimento, e em conseqüência perdiam-se no meio do caminho.

Em vários períodos da história, eruditos budistas, tais como Nagarjuna, Vasubandhu, Tient’ai e Dengyo, compreenderam que o Sutra de Lótus é o mais profundo de todos os ensinos de Sakyamuni. Eles descobriram que o Sutra de Lótus dava significado a todos os outros. Ele integra as verdades parciais em uma imagem global e todas as doutrinas de Sakyamuni em um sistema filosófico de grande alcance. É isso o que se chama filosofia da vida.

O que então Sakyamuni quis transmitir com o Sutra de Lótus? Sua iluminação foi a compreensão da única verdade subjacente a toda vida. Não apenas Sakyamuni, mas também Sharihotsu, Mahakashyapa e outros discípulos também atingiram a iluminação por meio dessa verdade. Ela foi, e sempre será o único caminho para a iluminação para todos os budas no Universo. Em resumo, as pessoas podem atingir o estado de Buda apenas compreendendo a existência dessa verdade.

Essa verdade é a Lei eterna que existe nas mudanças fenomenais no Universo e permeia a vastidão ilimitada do espaço. É também a Lei fundamental que opera nas profundezas de cada vida. A vida tem uma variedade infinita de manifestações e funções, mas a entidade da Lei da vida permeia todos os fenômenos. As outras escrituras budistas, excetuando-se o Sutra de Lótus, são apenas parciais e dão explicações relativas da Lei fundamental da vida.

O budismo classifica em dez categorias ou estados de existência as condições sempre mutáveis da vida. Este conceito é chamado de Dez Estados da Vida. O Inferno é o estado em que as pessoas são dominadas pelo impulso de destruir e de arruinar a todos, incluindo a si próprias. A Fome é o estado do desejo insaciável, e no estado de Animalidade as ações são direcionadas para a autoconservação e o benefício imediato, faltando qualquer autocontrole. Quando uma pessoa é egoísta e impelida pelo espírito competitivo de dominar, ela está no estado de Ira.

O próximo, Tranqüilidade, é um estado sereno no qual as pessoas controlam seus desejos ou impulsos por meio da razão, e o estado de Alegria é a felicidade que se experimenta da satisfação de um desejo ou de uma luta vitoriosa. Ambos surgem da relação entre a vida e os fatores externos que a rodeiam. Por essa razão, quando o equilíbrio da vida é perturbado, a tranqüilidade e o contentamento inevitavelmente se afundam no estado de Inferno, Fome, Animalidade ou Ira.

A função do budismo é despertar nas pessoas a realidade máxima da vida que se encontra sob os desejos e impulsos para que possam manter conscientemente o equilíbrio na vida. Em alguns casos, as pessoas compreendem essa realidade por meio dos ensinos de seus antecessores e em outros tentam compreendê-la intuitivamente pela observação dos fenômenos naturais. O estado de vida do primeiro grupo é chamado Erudição, e o do segundo, Absorção.

A Erudição e a Absorção surgem quando a pessoa tenta conscientemente compreender a verdade máxima da vida. No entanto, se os esforços forem direcionados apenas para o auto-aprimoramento, qualquer verdade obtida nunca deixará de ser apenas parcial. Cada forma de vida está inseparavelmente ligada a todos os outros seres e coisas no Universo porque a realidade máxima da vida que sustenta todas elas é una com a vida do Universo. Conseqüentemente, na tentativa de obter uma visão completa e global da verdade da vida, as pessoas devem compreender primeiro que elas não podem existir separadamente dos outros seres vivos e depois devem se identificar com as dores dos outros a ponto de empenharem-se totalmente para atenuarem os sofrimentos daqueles que estão ao seu redor. O nono estado, Bodhisattva, é a expressão da total devoção em ajudar e apoiar os outros e indica uma vida cheia de compaixão. O mais elevado de todos, o estado de Buda, é alcançado quando a pessoa tem sabedoria para compreender a essência da própria vida e da dos outros, que continua em perfeita harmonia com o ritmo do Universo e existe desde o infinito passado até o eterno futuro.

Os outros sutras consideravam os Dez Estados como separados e independentes um do outro, como partes de um todo sem correlação. Não havia uma explicação sistemática dos Dez Estados. Em contraste, graças ao Sutra de Lótus pode-se compreender que cada um dos Dez Estados inclui os outros estados e que uma pessoa tem o potencial para manifestar todos os Dez Estados. Além disso, uma lei universal regula seus aspectos mutáveis. Essa lei, os Dez Fatores da Vida, aplica-se em qualquer momento aos Dez Estados e é comum a cada entidade de vida. Os Dez Fatores são mencionados no 20 capítulo do Sutra de Lótus, Hoben (Meios), e consistem de Aparência, Natureza, Entidade, Poder, Influência, Causa Interna, Relação, Efeito Latente, Efeito Manifesto e Consistência do Início ao Fim de todos os nove fatores. Enquanto os Dez Estados expressam as diferenças entre os fenômenos da vida, os Dez Fatores descrevem o modelo de existência comum a todos os fenômenos mutáveis.

A vida se manifesta de maneiras diversas e dessa forma revela seu caráter distintivo. Pelo fato de cada forma de vida ter suas próprias qualidades únicas, os dois conceitos dos Dez Estados e dos Dez Fatores não são suficientes para compreender a vida em sua totalidade. Os Três Domínios da Individualização da Vida, que são também expostos no Sutra de Lótus, são necessários para uma total expressão da vida. Eles são Os Cinco Componentes, o Ambiente Social e o Ambiente Natural. No Ambiente Natural, como o ar, a terra, o mar, os rios e os raios do sol, os seres vivos de uma espécie em particular ajudam-se uns aos outros e cooperam com outras formas de vida na luta pela sobrevivência. À medida que crescem, os seres vivos influenciam e incorporam o ambiente ao seu redor tanto física como espiritualmente. Eles adquirem distinções de acordo com as peculiaridades de seu ambiente. A teoria dos Três Domínios foi exposta para uma análise e compreensão da individualização da vida.

As doutrinas anteriores, reveladas pelos sutras de Sakyamuni, nem sempre são escritas em linguagem clara o bastante para que todas as pessoas compreendam. Foi preciso um filósofo e mestre do budismo tal como o Grande Mestre Tient’ai (Chih-i) da China para compreender esses princípios por meio de um amplo estudo e um profundo discernimento para depois incorporá-los no sistema de filosofia que foi chamado de Itinen Sanzen (Três Mil Mundos em Um Único Momento da Vida).

Suas realizações tiveram grande influência sobre o pensamento budista na China e no Japão. No entanto, o Budismo de Tient’ai era muito difícil de ser transmitido para a maioria das pessoas. Para compreendê-lo, era preciso uma inteligência incomum e também um conhecimento geral das escrituras budistas e de teorias formuladas por eruditos tais como Nagarjuna. Em conseqüência disso, a filosofia de Tient’ai, apesar de revelar profundamente o significado da vida, despertou pouco interesse no budismo por parte das pessoas.

Muitas pessoas, incluindo até mesmo os monges sábios, ficaram confusas com as doutrinas alegóricas que descreviam os poderes ocultos dos budas e bodhisattvas. Eles ficaram tão desorientados que apenas podiam considerar o budismo com uma reverência cega. Alguns criaram esperanças de salvação por meio de complicados rituais esotéricos budistas. Para eles, o budismo era um barco para tirá-los completamente das duras realidades dos sofrimentos mundanos e levá-los para além das praias do nirvana.

Os verdadeiros ensinos do budismo, no entanto, não são escapistas nem relativos ao além-túmulo. Um conceito fundamental é a idéia de que compreendendo a verdade máxima inerente em nossa própria vida podemos atuar destemida e vigorosamente e compreender ao mesmo tempo que toda vida, incluindo a nossa, é sagrada. É lamentável que esse espírito fundamental tenha-se perdido em uma fraseologia confusa. Mesmo hoje ele continua obscuro para a grande maioria das pessoas em todo o mundo.

Nitiren Daishonin, que nasceu no Japão em 1222, expressou de forma concreta e prática a filosofia budista que Sakyamuni ensinou e Tient’ai iluminou. Ela foi portanto colocada na berlinda e tornou-se relevante para a vida diária das pessoas. Sua realização foi como a de alguém que apresenta uma complexa teoria científica em aplicações práticas. Foi como uma obra de arte que exprime o nobre espírito do artista e a filosofia de sua época, dando-lhe o poder de afetar diretamente e comover as pessoas que a encontram.

A escuridão fundamental da vida

Pergunta: Poderia exemplificar com trechos de alguns escritos de Nitiren Daishonin como podemos vencer a escuridão fundamental inerente em nossa vida?
Reposta: O budismo elucida que a escuridão fundamental ou ilusão, a força da qual o mal se origina, existe na vida humana. Ao mesmo tempo, ensina também que as pessoas podem livrar-se dessa ignorância e manifestar sua natureza do Darma, ou iluminação inerente.
Embora o Sutra de Lótus [de Sakyamuni] afirme iluminar a escuridão da ignorância fundamental, na realidade, não tem sido capaz de iluminar a escuridão dos Últimos Dias da Lei. Ao ler o Sutra de Lótus, resistido a perseguições e propagado a Lei Mística [o ensino oculto nas profundezas do Sutra de Lótus] com devoção abnegada, Daishonin confirmou sua missão como Bodhisattva Práticas Superiores, o líder dos Bodhisattvas da Terra, aquele que dissipa a escuridão da ilusão fundamental.
Sobre a iluminação dos seres humanos na sua forma presente, Daishonin nos ensina em “A Frase Essencial”: “[Isto é ainda mais extraordinário do que] produzir fogo de uma pedra tirada do fundo de um rio, ou uma lamparina que ilumina um local que permaneceu em total escuridão por centenas, milhares e dezenas de milhares de anos. Se mesmo os fatos comuns deste mundo são considerados místicos, então, ainda mais místico é o poder da Lei budista!” (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 923.)
No momento em que uma lamparina é acesa o ambiente é iluminado, independentemente do tempo que permaneceu na escuridão. E quando o sol surge, a escuridão desaparece num instante. Mesmo que sejamos pressionados pelo peso de nosso carma negativo, pelos desejos mundanos e os sofrimentos de nascimento e morte, o fato é que possuímos a natureza de Buda dentro de nós para evidenciarmos e atingirmos a iluminação em nossa presente forma. Podemos mudar definitivamente nosso destino e atingir o estado de Buda por meio da forte fé na Lei Mística.
Em outro escrito de Daishonin consta: “Se acender uma lamparina para uma outra pessoa, iluminará também o seu próprio caminho.” (Gosho Zenshu, pág. 1.598.) Todos são pessoas de valor. Daishonin ressalta que respeitar os outros, como exemplificado pelas ações do Bodhisattva Jamais Desprezar, constitui a base da prática do Sutra de Lótus, e que realizar o Chakubuku é conduzir a prática desse bodhisattva. Quando nos empenhamos de corpo e alma a encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas, mas o nosso também.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, retrata o Bodhisattva Jamais Desprezar dizendo que não era uma pessoa eloqüente. Não demonstrava superioridade. Apenas seguia plantando a semente do Sutra de Lótus no coração das pessoas com uma simplicidade tão grande que chegava a parecer ingenuidade. No passado, presente e futuro, o espírito do Sutra de Lótus vive em tal conduta. Esse é o próprio comportamento dos membros da SGI. Todos que estão lutando na linha de frente de nosso movimento são, na verdade, os próprios Bodhisattvas Jamais Desprezar.
O Chakubuku é a prática de respeitar as pessoas e tem como finalidade conduzi-las à iluminação com base na filosofia e no espírito benevolente do Sutra de Lótus. É a prática correta para dissipar tanto a escuridão fundamental que se aloja na vida das pessoas assim como em nossa própria vida. Daishonin nos ensina também a respeitar os outros, não só quando propagamos o budismo, mas em todos os sentidos, pois esse é o modo correto de os seres humanos se comportarem.

Os Oito Ventos (happu)

Lucro e prejuízo, difamação e fama, elogio e repreensão, sofrimento e alegria são todos impermanentes; portanto, por que deveriam ser causa de satisfação ou de insatisfação?
Os Oito Ventos são as oito condições mencionadas nos dois primeiros versos da estrofe acima. O Buda ensinou que tais condições são elementos naturais da vida.
Todos passaremos por essas experiências várias vezes em muitas vidas. O Buda também ensinou a não permitir que nenhum desses Oito Ventos nos sopre para fora de curso, a vê-los como condições temporárias, que nos apresentam oportunidades de aprender algo novo. A preocupação desmedida causada por algum desses ventos é sinal de que certamente ainda temos algo a aprender.
Se não pararmos para refletir profundamente a respeito dos Oito Ventos, tenderemos a acreditar que o lucro, a fama, o elogio e a alegria são melhores que o prejuízo, a difamação, a repreensão e o sofrimento. Tal propensão é um excelente referencial para ajudar-nos a analisar até que ponto acreditamos ser real a ilusão de termos uma individualidade isolada.

A prosperidade abrange todas as formas de lucros e ganhos. Nessa condição, a pessoa busca somente progresso material, profissional ou financeiro, afastando-se da prática budista. “Voltarei a participar das atividades mais assiduamente depois que vencer profissionalmente” ou “minha vida está indo de vento em popa. Não preciso me esforçar tanto na prática.”
O declínio significa enfraquecimento e perda. Desmotivadas pelas condições de vida desfavoráveis, as pessoas tendem a perder a energia e a coragem, desviando-se da prática correta. Elas pensam: “Puxa, tenho praticado tanto e minha condição nunca melhora!” ou “Quando tiver melhores condições financeiras participarei mais ativamente das atividades da organização”.
A honra é um sentimento que leva o ser humano a procurar merecer e manter a consideração daquele ao seu redor. Porém, a distorção de seu significado pode levar as pessoas a se tornarem arrogantes e autoritárias. Pensar que já sabe o suficiente da prática budista devido aos anos de prática, colocando-se acima de recém- convertidos, é um exemplo desse tipo de conduta.
A desgraça é uma condição em que a pessoa perde a credibilidade e o respeito por parte dos outros em decorrência de falhas ou atitudes praticadas pela própria pessoa ou, ainda, por intrigas e difamações de pessoas ao seu redor motivadas por inveja ou rancor.
O elogio é o enaltecimento expresso por meio de palavras ou gestos. Contudo, essas manifestações podem se tornar prejudiciais quando as pessoas passam a depender disso, condicionando seu avanço ou sua ação ao reconhecimento dos outros. Quando, por exemplo, não recebem elogios por seus esforços em uma atividade, desanimam em sua prática budista, pensando. “Não vou mais me dedicar, pois as pessoas não reconhecem meu empenho”.
A censura é o ato de repreender ou insultar. Há pessoas que, ao serem repreendidas ou orientadas com rigorosidade, acabam desanimando ou se irritando com as outras, afastando-se delas e até da prática budista. “Não gostei de ser repreendido. Não vou mais apoiar esta atividade”, ou “meus familiares que não praticam me criticam por participar das atividades. Não sei o que fazer”.
O prazer, nesse contexto, refere-se a qualquer tipo de atividade prazerosa que desvie a pessoa da prática correta. Como, por exemplo: “Agora vai passar aquele programa que eu gosto na televisão. Depois eu faço o Gongyo”, ou “hoje tem reunião na comunidade, mas o pessoal me convidou para jogar bola. Será que vou?”
O sofrimento diz respeito à dor física e espiritual que nos leva a desanimar na prática budista e a ter pensamentos como: “Devido a um grave problema de doença em minha família no momento, não tenho condições de praticar”, ou “meus sofrimentos são tão grandes que o budismo não irá solucioná-los”.

O mundo visto pelo buda

Qual o propósito da vida? A felicidade. E qual o propósito da religião ou da fé? Deve ser igualmente a felicidade do ser humano.
O que, então, vem a ser a felicidade? Em que consiste uma vida feliz?
Se a felicidade pudesse ser encontrada nos prazeres efêmeros, o mundo estaria transbordando de felicidade. Se a verdadeira felicidade pudesse ser encontrada em uma vida só de entretenimento, então, o mais apropriado seria consagrar-se ao hedonismo. Porém, do ponto de vista da eternidade da vida, por todo o passado, presente e futuro, essa felicidade é uma ilusão e, no final, irá se mostrar inútil e vazia.
O budismo ensina como podemos atingir uma felicidade indestrutível ou, como dizia o presidente Toda, “um estado de vida de felicidade absoluta”.(...)
A frase (do Sutra de Lótus) “Por asamkhya de kalpas, sempre estive no Pico da Águia e em muitos outros lugares” significa literalmente que o Buda se encontra no Sagrado Pico da Águia durante um período inconcebivelmente longo e que também aparece em diversos mundos das dez direções.
Do ponto de vista do Budismo de Nitiren Daishonin, isso indica que o Gohonzon existe somente em nossa vida, em todos os momentos e onde quer que estejamos. O Gohonzon sempre está “junto” a nós e “ao nosso lado”, não se afastando de nós por um instante sequer. Ele está sempre conosco. Por favor, vamos gravar essas palavras no coração.
A partir do próximo verso, “Enquanto os seres presenciam o final de um kalpa...”, temos uma descrição de dois mundos completamente distintos. O verso “Enquanto os seres presenciam o final de um kalpa e tudo é consumido em chamas” descreve um mundo de sofrimento que reflete a condição de vida das pessoas. É, na verdade, um estado infernal de sofrimento e temor. Porém, a partir do verso “Esta minha terra permanece segura e tranqüila”, a cena muda completamente. Observamos aqui, paz e tranqüilidade. Há uma vibrante alegria, uma música cheia de vida e uma rica cultura. Este é o mundo visto pelo Buda com seu vasto estado de vida.
Na realidade, esses dois mundos são unos. As pessoas comuns e o Buda percebem e experimentam o mesmo mundo de formas totalmente distintas.
Nitiren Daishonin disse que essa “grande chama” que as pessoas percebem é o “grande fogo dos desejos mundanos”. (Gosho Zenshu, pág. 757.) Não é o mundo, mas sim sua própria vida que está sendo consumida pelas chamas. E, em face disso, as pessoas tremem de medo.
Por isso, o buda as aconselha, dizendo: “O que têm a temer ou a lamentar? A verdade não é tudo o que estão percebendo!” E lhes diz: “Esta terra onde habito está sempre segura e tranqüila.”
Com essas poucas palavras, o Buda dissipa as ilusões das pessoas e “abre” seu estado de vida superficial e limitado. São palavras de grande benevolência que expressam o desejo do Buda de elevar todas as pessoas, toda a humanidade até a suprema iluminação.
Os ensinos pré-Sutra de Lótus expõem que o Buda e as pessoas comuns vivem em “mundos diferentes”. Explica que as pessoas devem atravessar “este mundo”, o mundo saha, até o “outro mundo”, onde se acredita que o Buda habita, e isso só é possível por meio da prática durante um período de tempo extremamente longo.
Porém, o capítulo Juryo ensina que o Buda expõe eternamente a Lei neste mundo saha, que este mundo é a terra do Buda e que o Buda e as pessoas comuns habitam em um mesmo mundo saha.
Nitiren Daishonin afirma em uma de suas escrituras: “Os espíritos famintos vêem o Rio Ganges como fogo; os seres humanos vêem-no como água; e os seres celestiais como amrita.1 A água, em essência, é a mesma, mas aparece sob formas distintas conforme a condição cármica de cada pessoa.” (The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol. 5, pág. 163.)
O que vemos difere conforme nosso estado de vida. Porém, quando nosso estado de vida muda, o “mundo” em que vivemos também se modifica. Este é o princípio supremo de “itinen sanzen real”, segundo o qual um único momento da vida contém os três mil mundos, tal como expressa o Sutra de Lótus.
Nitiren Daishonin disse sobre sua vida de contínuas perseguições: “Dia após dia, mês após mês, ano após ano, fui submetido a repetidas perseguições. As perseguições e hostilidades de conseqüências menores são tão numerosas que sequer as conto. Porém, as principais perseguições foram quatro.” (Ibidem, vol. 2, pág. 114.)
Durante seu exílio na Ilha de Sado — que foi incontestavelmente a perseguição de maior severidade — Nitiren Daishonin proclamou tranqüilamente: “Sinto uma imensurável alegria mesmo estando agora exilado.” (Ibidem, vol. 1, pág. 94.) Dessa condição elevada de vida tão vasta como o Universo, ele observava tudo com imperturbável tranqüilidade.
Tsunessaburo Makiguti, o presidente fundador da Soka Gakkai, suportou a dura vida na prisão porque tinha o seguinte em mente: “Quando penso nos sofrimentos que Daishonin enfrentou na Ilha de Sado, vejo que minhas dificuldades não são nada.” Ele também escreveu em uma carta: “Dependendo de como concebemos os fatos, podemos experimentar alegria mesmo no inferno.”
Um vasto estado de vida é produto de um forte humanismo. Para dar outro exemplo, recordo-me de como o segundo presidente, Jossei Toda, encarou o dia em que teve de cessar as atividades da editora que dirigia devido à crise da época. Descrevi essa cena em meu romance Revolução Humana.
Na época, eu tinha 21 anos. Como redator da revista mensal O Japão dos Meninos, estava tomado pelo entusiasmo. Porém, repentinamente, a publicação da revista foi interrompida. Foi realmente um grande choque, como se estivesse a bordo de um avião detido em pleno vôo.
Porém, quando olhei para o presidente Toda, vi que ele estava entretido em um jogo de shogui2 com um amigo, tranqüilo e imperturbável. Por uns instantes, não consegui entender como ele podia proceder daquela forma num momento tão crítico. Mas, pouco depois, o motivo ficou claro para mim. “Ele está certo. Para ele nada mudou. Seu aspecto é uma declaração de que dará continuidade a sua luta.” A inspiração que essa sua atitude infundiu em mim continua vívida até os dias de hoje.
Por mais violentas que sejam as tormentas do destino que nos assolam, nosso espírito de luta não deve vacilar o mínimo. Nossa fé, ou determinação, não deve absolutamente ser destruída. A frase “esta minha terra permanece segura e tranqüila” descreve esse estado de vida.
Eu sou um discípulo de Jossei Toda. Desde a época em que iniciei minha marcha junto a ele, aos dezenove anos, até os dias de hoje, compus uma história de meio século, suportando sucessivas tempestades e navegando por mares tempestuosos. Dessa forma, desenvolvi a força para resistir a qualquer adversidade sem vacilar o mínimo.
O presidente Toda nos ensinou que a frase “esta minha terra permanece segura e tranqüila” refere-se aos nossos lares, onde o Gohonzon está consagrado; nossos lares, estarão “seguros e tranqüilos” como resultado de nossa prática.
Haja o que houver, não devemos absolutamente ser derrotados. Avancemos orgulhosamente com um nobre estado de vida e com este espírito resoluto: “Sólido é o castelo de meu coração.”

A iluminação é a transformação do âmago da vida

No Ocidente, o Buda é confundido muitas vezes com a concepção cristã do deus absoluto. Por esse motivo, existem pessoas que não conseguem acalentar a convicção de que são capazes de alcançar a condição de Buda. Vamos esclarecer, então, a visão da iluminação segundo o Budismo de Nitiren Daishonin.
A iluminação é a transformação do âmago da vida. É a transformação da vida maculada pela ilusão fundamental por meio da crença de que a Lei Mística é inerente ao ser humano. Essa ilusão fundamental é a causa principal da infelicidade e dos sofrimentos.
Com a força dessa crença, é possível transformar a ilusão fundamental e envolver a vida com o poder ilimitado da Lei Mística, integrando nela a sabedoria dessa Lei. É justamente essa transformação que possibilita a manifestação da grandiosa vida do Buda no interior do ser humano.
Na explanação do escrito “Abertura dos Olhos”, publicada na revista Daibyakurengue, edição de novembro de 2005, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “A origem de toda a infelicidade encontra-se na ilusão fundamental. Essa ilusão impede as pessoas de entenderem a Lei Mística como força básica do Universo e de sua própria vida. Não permite também que as pessoas acreditem na Lei Mística mesmo que alguém a ensine. A percepção do Buda transforma essa ilusão em sabedoria. Não é eliminar os desejos mundanos. Quando a ilusão é quebrada pela força da fé, a sabedoria emerge para transformar os desejos mundanos em iluminação”.
O potencial que transforma imediatamente a ilusão em sabedoria chama-se natureza de Buda. Essa natureza está originalmente dotada em todas as vidas.
Nitiren Daishonin denominou essa natureza de Buda inata na vida de todas as pessoas de Nam-myoho-rengue-kyo. Sua crença e sua prática transformam a escuridão em luz, os desejos mundanos em iluminação e estabelecem o caminho para a felicidade absoluta, isto é, a vida do Buda repleta de benefícios. Esta é a essência do Budismo Nitiren.
Desde a fundação de seu budismo, Daishonin avançou pelo caminho da propagação da Lei Mística com a convicção de que a sua recitação é fundamental para a salvação da humanidade.
O que devemos considerar nessa questão é que o estado de Buda emerge como efeito da luta interna que quebra a ilusão fundamental por meio da fé. Por essa razão, Daishonin dá ênfase à prática da recitação, advertindo que o Nam-myoho-rengue-kyo não deve ser considerado como uma Lei existente fora das pessoas. Caso contrário, não será mais Lei Mística.
“Da ilusão para a fé — esta mudança no âmago da vida é o ponto essencial do Budismo Nitiren. Quando cada pessoa estabelecer solidamente essa fé em seu coração, a natureza de Buda inata na vida será estimulada e se evidenciará como uma vigorosa energia vital. Ao contrário, a descrença fará com que a natureza de Buda fique inerte e a vida será envolta instantaneamente pela ilusão fundamental.”
Essa transformação não significa alcançar o estado de deus absoluto, nem um buda sob a concepção cristã de santo ou Deus. O budismo não expõe a personificação de deus absoluto, mas uma lei universal e fundamental que sustenta todos os seres viventes e todos os fenômenos do Universo. Essa lei é chamada de Lei Mística.
Nessa mesma explanação, o presidente Ikeda explica essa questão com um exemplo de fácil compreensão: “Por exemplo, quando espessas nuvens impedem a passagem da luz, a Terra permanece escura. Porém, quando as nuvens se dispersam e permitem a passagem da luz, a Terra fica clara imediatamente. Embora não tivesse ocorrido nenhuma mudança propriamente na Terra, ela emergiu da escuridão e tornou-se uma terra de esperança.
“Num escrito consta: ‘Uma pequena luz pode iluminar imediatamente um local que permaneceu na escuridão por milhões de anos.’ (Gosho Zenshu, pág. 1.403.) Conforme essa frase, uma luz pode dissipar a escuridão de uma caverna independentemente do tempo que ficara no escuro. Essa é a força de plantar a semente da Lei Mística”.
Se acender o fogo na escuridão fundamental, a escuridão desaparecerá instantaneamente. É uma transformação imediata. Este é o Budismo da Semeadura de Nitiren Daishonin.
O mundo escuro sem sabedoria transformando-se num mundo radiante e iluminado pelo sol da sabedoria — eis a mudança que é chamada de iluminação. Com a ascensão do sol, o mundo escuro torna-se claro e radiante. É a mudança para um mundo rico e colorido. O mundo em si não mudou em nada. A única diferença está em receber ou não os raios solares. Neste caso, o sol equivale à Lei Mística e seus raios são como luz da sabedoria. O mundo na escuridão é comparável à situação da vida envolta na ilusão fundamental.
No mundo dominado pela ilusão, os diversos tipos de desejos mundanos agem como obstáculos que impedem as ações da vida. Porém, quando a luz da sabedoria penetra nesse mundo, esses mesmos desejos mundanos deixam de agir como obstáculos. Um mesmo mundo, quando iluminado pela luz da sabedoria, transforma-se num mundo radiante, rico e livre onde não há qualquer obstáculo a atrapalhar as ações da vida.
A força ilimitada da Lei Mística surge na nossa vida no momento necessário e na intensidade necessária. Surge como um potencial para superar as ondas bravias do mundo real.
Podemos citar como exemplo a força da perseverança, a coragem diante de dificuldades, a sabedoria para vencer os impasses, força de concentração, serenidade. O sentimento de pensar no bem-estar dos outros é também uma manifestação da Lei Mística. E o budismo prega também a libertação dos sofrimentos da velhice e da morte. Todas essas mudanças são benefícios que se obtêm quando se transforma a ilusão fundamental em sabedoria.
Por meio da luta para transformar a ilusão fundamental é possível forjar a própria vida e obter a condição indestrutível de felicidade tal como a de um Buda. Isto se chama iluminação na presente existência.

A arrogância arruina a vida, e o respeito enobrece

Centralizar em si mesmo ou no mestre?

O maior inimigo da prática da fé é a arrogância e o ponto de vista distorcido. O presidente Makiguti advertiu rigorosamente: “Uma pessoa com ponto de vista distorcido é comparável a um músico que sopra o shakuhati (instrumento de sopro de bambu que se assemelha à flauta transversal) de ponta cabeça. Pode soltar um som turvo, e jamais poderá obter o puro e o verdadeiro som do instrumento, isto é, o verdadeiro benefício da prática da fé”.
Nunca seja egocêntrico. No mundo da fé, devemos viver centralizados na Lei Mística e no mestre. Este é o correto caminho.
Os líderes devem ser rigorosos consigo, pois aqueles que são egocêntricos causam muito desgosto aos membros em geral.

Valorizar cada membro

Na Campanha de Fevereiro, que promovi há 55 anos, eu respeitei, confiei e valorizei cada membro do fundo do meu coração. Assumi a liderança da atividade com o pensamento de que cada membro pudesse avivar a chama da esperança e se dedicar com convicção e coragem pelo Kossen-rufu.
Por meio dessa luta, foi possível abrir o caminho para a conquista do grandioso objetivo de 750 mil conversões, o forte desejo do presidente Toda.
Como todos sabem, o importante epicentro dessa campanha foi Kawazaki, na Província de Kanagawa.
Quando, juntamente com Shizuko Shiraki (responsável da DF do Distrito Kamata), visitei a Comunidade Kawazaki, apenas duas pessoas se reuniram. Ela pareceu-me bastante desapontada porque o número de participantes era muito pequeno. Eu, porém, cumprimentei-as alegremente e incentivei-as. Juntos realizamos um vibrante Gongyo.
Pode ser uma única pessoa. Se essa única pessoa levantar-se decididamente, ela poderá levantar muitas ondas de avanço no caminho do Kossen-rufu. Do acúmulo de ininterruptas pequenas lutas nasce a força que conduz à vitória.
No coração do líder não pode haver nenhum traço de arrogância e presunção. Jamais esqueça do puro sentimento que existia em seu coração no início da prática.
Não há necessidade de tratar os dirigentes de maneira especial. Não há necessidade de recebê-los e se despedir deles de forma cerimoniosa. A Soka Gakkai deve sempre colocar os membros em primeiro lugar. Gostaria de valorizar essas pequenas atitudes e fazê-las a grande tradição da Soka Gakkai.
Respeitar e louvar cada companheiro que atua em prol do Kossen-rufu como se fosse buda e reunir suas forças — essa luta do Bodhissattva Jamais Desprezar é que trará a vitória do Kossen-rufu.
Naquela memorável Campanha de Osaka em que o impossível tornou-se possível, a vitória foi conquistada porque houve a dedicada atuação tal como a de Jamais Desprezar.
Nitiren Daishonin adverte rigorosamente na “Carta de Sado”: “À parte disto, aqueles que parecem crer em mim, Nitiren, acalentam dúvidas quando sofro tais perseguições e não somente abandonam o Sutra de Lótus como também tentam me orientar, convencidos em seus conceitos de que são sábios. Quão desprezíveis são aquelas pessoas com mente corrupta que permanecerão no inferno de incessantes sofrimentos ainda mais do que os crentes da Nembutsu!” (END, vol. I, pág. 205.)
Esta é a frase que devemos gravar profundamente no coração.

Ser humano e buda

O budismo é a denominação dada aos ensinos do Buda. A palavra “Buda” significa “aquele que despertou” ou um ser que se “iluminou” para a verdade. Sakyamuni, o fundador do budismo, despertou para a Lei da vida que permeia o Universo, a natureza, o ser humano e todos os outros fenômenos. A “Lei” significa uma verdade ou princípio eterno de que todo o Universo é uma entidade e que nada existe a parte da Lei da vida.
Nitiren Daishonin expressou o conteúdo do Sutra de Lótus de Sakyamuni na forma em que todas as pessoas pudessem praticá-lo, isto é, a invocação do Nam-myoho-rengue-kyo, o ensino correto para ser propagado nos Últimos Dias da Lei. Nitiren usou o Myoho-rengue-kyo, o título do Sutra de Lótus conforme traduzido por Kumarajiva, para representar sua iluminação, adicionando a palavra Nam, que significa “devoção”. Seus ensinos possibilitam às próprias pessoas tornarem-se Budas, ou seja, todas as pessoas têm o potencial de atingir a iluminação.
Nos escritos consta: “O príncipe Sidarta (ou seja, Sakyamuni) foi um ser humano que se tornou Buda” (WND-1, página 359.) Buda, portanto, é o próprio homem que descobre a verdade eterna e adquire um poder denominado “boa sorte”. A iluminação referida no budismo não é mística nem transcendental. É uma condição de máxima sabedoria e vitalidade, na qual o indivíduo pode moldar o seu próprio destino.
É famosa a declaração do segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, quando os repórteres perguntaram-lhe se ele pensava ser um buda: “Não, sou um ótimo exemplo de ser humano”.

Vazio espiritual e energia vital

O mundo contemporâneo é descrito nos sutras como repleto de discórdias e conflitos onde as pessoas vivem dominadas pelos três venenos da avareza, ira e estupidez.
É notório observar nos dias atuais pessoas agindo de forma insensata, irracional e precipitada, demonstrando claramente a existência do vazio espiritual. Por mais difícil que seja a realidade e injusta a situação que se encontra, nenhuma ação justifica agredir a própria vida, o mais precioso tesouro, algumas vezes com atos violentos que acabam encerrando de forma triste e melancólica a presente existência.
Está muito claro que tais pessoas são carentes de uma filosofia, capaz de eliminar esse vazio espiritual e preencher a vida de força, coragem e vitalidade. É preciso, sem demora, cultivar um novo alento que transforme a vida destruída e enfadonha em esperança e vigor. Se o coração das pessoas for devastado, o futuro delas será muito sombrio, mesmo que vivam em uma nação próspera.
Urge fortalecer a energia vital das pessoas, a força vital interior que as capacita a usar ao máximo os respectivos talentos e habilidades. A energia vital é a fonte da sabedoria e tenacidade que nos permite manifestar a verdadeira humanidade e expandir o palácio da igualdade humana. Uma pessoa dotada dessa energia da vida é capaz de desenvolver a criatividade, o caráter e a paciência, como também, o espírito de desafio e a força para sobreviver. Uma pessoa de forte energia vital não se rende às adversidades; ela revela ações corajosas nos momentos de dificuldades.
A firme prática do Gongyo e Daimoku é a fonte inesgotável dessa energia vital, bem como, da sabedoria e boa sorte.

O Sutra de Lótus é o “meio secreto e místico”

Em “A Sabedoria do Sutra de Lótus” o presidente Ikeda afirma que a palavra “secreto”, de “meio secreto e místico”, refere-se ao fato de ser algo conhecido e compreendido apenas pelos budas (vol.1, pág. 143.) E, a palavra “místico”, de “meio secreto e místico”, indica a natureza maravilhosa e insondável da própria vida humana (ibidem, pág. 145).
Em sua mensagem “O Sutra de Lótus — excelente remédio para toda a humanidade”, o presidente Ikeda escreve: “O sutra tem o magnífico poder de transformar a situação em que a pessoa vive numa condição marcada pela paz e tranqüilidade, uma autêntica Terra da Luz Eternamente Tranqüila. A força de que trata essa analogia é o conceito da natureza de Buda apresentado no Sutra de Lótus. Os seres humanos, embora lutando no meio da violência, do egoísmo e da ignorância, possuem na verdade, e sempre possuíram, dentro de si, a natureza de Buda, capaz de criar uma felicidade ilimitada. O sutra ensina como fazer com que essa força se manifeste. Assim, o Sutra de Lótus é, para os seres humanos, um remédio magnificamente bom, representando um método para revitalizar e dar novo significado à vida”. (Brasil Seikyo, edição no 1.917, 24 de novembro de 2007, pág. A4.)
O supremo ideal do Kossen-rufu torna-se cada vez mais urgente e imprescindível para a época atual. Na qualidade de bodhisattvas, os praticantes do budismo possuem a importante tarefa de propagar o Sutra de Lótus com forte senso de missão e responsabilidade. A modernidade exige ainda mais que essa prática seja baseada nos poderes do Bodhisattva Fuguen. Fuguen significa “o sábio universal”. Ou seja, o amplo desenvolvimento do Kossen-rufu será possível por meio da força da intelectualidade sábia e universal.

O que importa é o coração

Pergunta: Ouvimos com certa freqüência que “o que importa é o coração”. Qual é o significado dessa frase sob o ponto de vista da prática do budismo?
Resposta: De fato, o Buda Nitiren Daishonin enfatiza a importância do coração em diversos escritos. Por exemplo, no escrito “A Estratégia do Sutra de Lótus”, ele orienta seu discípulo Shijo King sobre a importância de basear-se na fé na Lei Mística antes de qualquer outra tática ou estratégia. Daishonin afirma: “O que importa é o coração”. (The Writings of Nichiren Daishonin [WND], pág.1.000.) Quando já vivia no Monte Minobu, Daishonin também escreveu “O Tambor no Portal do Trovão” à seguidora Senniti-ama que morava na distante Ilha de Sado, incentivando-lhe: “Simplesmente observar o rosto um do outro seria insignificante. O que importa é o coração da pessoa. Encontremo-nos algum dia no Pico da Águia, onde vive o Buda Sakyamuni”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 6, pág. 99.)
A palavra “coração” possui, sem dúvida, uma enorme abrangência de significados. O Dicionário Michaelis define o termo da seguinte forma: “s.m. 1. Anat. Órgão oco e musculoso, centro motor da circulação do sangue. 2. O peito. 3. Objeto em forma de coração. 4. Sede suposta da sensibilidade moral, das paixões e sentimentos. 5. Amor, afeto. 6. Caráter, índole. 7. Pessoa ou objeto amado. 8. Coragem, ânimo. 9. Centro, âmago”. Além disso, ao lermos a palavra “coração” nos textos budistas em língua portuguesa, há uma questão a ser considerada conforme consta nos “Comentários sobre a tradução” do livro Os Escritos de Nitiren Daishonin, reproduzida a seguir: “Mente: A palavra japonesa kokoro ou shin, que é comumente traduzida como ‘mente’ ou ‘coração’, não possui um equivalente exato no português, pois é um termo que engloba tanto a mente de uma pessoa, como seu espírito, emoção, volição e psiquê. Também pode indicar ‘vida’ como uma entidade psicossomática. Dessa forma, a palavra ‘mente’ ou ‘coração’, que aparece no texto deve ser compreendida no sentido mais amplo possível”. (Vol. 1, Prefácio, pág. lviii).
Vejamos, então, alguns aspectos relacionados com a palavra ‘coração’ sob o ponto de vista da prática do budismo.
Na frase “O que importa é o coração”, acima apresentada, podemos observar na palavra “coração”, o sentido de “fé” como também da própria “vida”. Normalmente, diante das dificuldades da vida diária, as pessoas planejam diversas táticas e estratégias em busca de uma solução. Entretanto, Daishonin orienta seu discípulo Shijo Kingo a, antes de mais nada, basear-se na fé na Lei Mística. Em outras palavras, Daishonin indica o caminho da fé ao Gohonzon e a recitação do Daimoku como o ponto de partida para a solução dos problemas, fazendo uso da referida frase. Por outro lado, podemos também entender que a solução de quaisquer problemas na vida se encontra no interior de nós mesmos, isto é, no nosso próprio “coração”.
Em um discurso, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, cita essa frase dos escritos, afirmando: “A felicidade não nos é concedida pelos outros ou vem de algum lugar fora de nós, mas é algo que nós próprios devemos obter com o nosso próprio coração. Assim como Daishonin diz, ‘O que importa é o coração’. (WND, pág. 1.000.) Em outro escrito, encontramos a seguinte declaração: “A boa sorte vem do coração e torna a pessoa digna de respeito”. (WND, pág. 1.137.) A fé é o que nos capacita a fortalecer e aprofundar nosso coração no grau máximo.
Além do significado de “fé” e de “vida” apresentado anteriormente para a palavra “coração”, podemos entendê-lo também como “determinação”. O budismo expõe o princípio de Três Mil Mundos num Único Momento da Vida (itinen sanzen) que ilustra o quanto uma “decisão” ou “determinação” de uma pessoa em um dado momento é importante para a transformação de sua vida e das circunstâncias ao seu redor. O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, expressa claramente a importância da determinação: “’O que importa é o coração’. (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 1.000.) Nisso se encontra a essência da vida. Nosso coração e nossa mente envolvem toda a sociedade, o mundo e o Universo. Tudo se decide pela determinação em nosso coração neste exato momento. O budismo explana o princípio dos Três Mil Mundos num Único Momento da Vida. Nosso comprometimento de manter firmemente a fé na Lei Mística tem o poder de criar uma transformação positiva em nós mesmos, no ambiente ao nosso redor e até mesmo no mundo. Essa é a imensa força de nossa determinação. A vida é uma batalha e nossos empreendimentos na sociedade também são — assim é a realidade. Portanto, é essencial vencer essas batalhas”. (Brasil Seikyo, edição no 1.735, 14 de fevereiro de 2004, pág. A3.)
O desenvolvimento do Kossen-rufu inicia-se sempre a partir da determinação, ou seja, o “coração” de uma única pessoa. Nitiren Daishonin declara esse princípio no escrito “O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos”: “No início, somente Nitiren recitou o Nam-myoho-rengue-kyo, depois, duas, três e cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros. Assim também será a propagação no futuro. Isso não significa ‘emergir da terra’? Quando a Lei tiver sido amplamente propagada, a nação japonesa inteira recitará o Nam-myoho-rengue-kyo. Isso é tão certo quanto uma flecha que, apontada para a terra, acerta o alvo em cheio”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 5, pág. 252). Em outras palavras, pode-se afirmar que a realização do Kossen-rufu para a felicidade de todas as pessoas é, em si, o próprio espírito e o “coração” do Buda Nitiren Daishonin. Portanto, como praticantes do Budismo Nitiren, ou melhor, como verdadeiros discípulos, torna-se de fundamental importância herdar esse “coração” do Buda que é o da realização do Kossen-rufu. Na época contemporânea, foram justamente os três primeiros presidentes da Soka Gakkai que herdaram verdadeiramente este “coração” do Buda, desenvolvendo um movimento sem precedentes de propagação do Budismo de Daishonin para a felicidade das pessoas em escala mundial. É por essa razão que o “coração” da unicidade de mestre e discípulo é um fator de extrema importância no correto caminho da prática budista.
No contexto do “coração” da unicidade de mestre e discípulo, cabe relembrarmos a frase do escrito “O Tambor no Portal do Trovão”, na qual Daishonin enaltece o “coração” da já idosa Senniti-ama que morava na distante Ilha de Sado: “Simplesmente observar o rosto um do outro seria insignificante. O que importa é o coração da pessoa. Encontremo-nos algum dia no Pico da Águia, onde vive o Buda Sakyamuni” (ibidem, vol. 6, pág. 99). Com certeza, apesar de não poder realizar o encontro pessoal com Daishonin pela longa distância e pela sua idade avançada, Senniti-ama mantinha uma prática da fé com o “coração” unido ao do seu mestre.
Enfim, independentemente das circunstâncias em que estejamos vivendo no momento, o mais importante é o “coração”, pois nele está o caminho para a vitória.

Três grandes ensinos fundamentais

Pergunta: Qual a importância dos “Três Grandes Ensinos Fundamentais” (Sandai Hiho sho) no budismo?
Resposta: Os três grandes ensinos fundamentais são os princípios essenciais do Budismo de Nitiren Daishonin:
1) o objeto de devoção do ensino essencial é o Gohonzon ou o objeto de devoção da fé; o objeto de devoção do ensino essencial foi constituído na forma do Gohonzon, diante do qual recitamos o Nam-myoho-rengue-kyo, e o supremo santuário foi erigido para sua consagração.
No escrito “A Herança da Lei Última da Vida”, Nitiren Daishonin enfatiza em especial o poder da fé dizendo: “Reúna o grande poder da fé e recite o Nam-myoho-rengue-kyo com a determinação de que sua fé será firme e correta no momento da morte”. Ele ainda enfatiza: “Será inútil abraçar o Sutra de Lótus sem o sangue vital da fé”. (Ibidem, pág. 218.) É por meio do “grande poder da fé” que podemos verdadeiramente “abraçar o Sutra de Lótus” e manter o “sangue vital da fé”.
Ainda sobre o grande “poder da fé”, num trecho anterior Daishonin diz: “Nitiren vem tentando despertar todas as pessoas do Japão para a fé no Sutra de Lótus de modo que elas também possam compartilhar da herança e atingir o estado de Buda. Mas em vez de despertarem, elas me perseguiram de diversas formas e, por fim, baniram-me para esta ilha. O senhor tem seguido Nitiren, entretanto, encontrou sofrimentos como resultados. Dói-me profundamente pensar em sua angústia”. (Ibidem, pág. 217.) Essas palavras foram dirigidas a Sairembo em louvor à sua fé em meio às severas perseguições que atingiam Nitiren. Isso quer dizer que a verdadeira fé é aquela que é manifestada no momento mais crucial da vida. Essa é a forma mais concreta para verificar a profundidade da fé. Em conclusão, podemos dizer que a “herança da Lei última da vida” — a verdade absoluta do universo ou o Nam-myoho-rengue-kyo — somente pode existir e ser transmitida por meio do sangue vital da fé, isto é, prática da fé diretamente ligada ao Buda Original Nitiren Daishonin.
2) o Daimoku do ensino essencial é a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo; O Daimoku do ensino essencial, ou seja, baseamos a nossa firme fé orando sinceramente para extrair o poder do Gohonzon.
Todas as pessoas possuem dentro de si o Nam-myoho-rengue-kyo, ou a natureza de Buda. No entanto, esse estado é invisível e não o enxergamos com os olhos de mortal comum. Da mesma forma que é preciso um espelho para melhor se arrumar, também é preciso de algo para enxergar a natureza de Buda inerente na vida.
3) O supremo santuário do ensino essencial, ou o local onde a pessoa recita o Daimoku.
O Gohonzon pode ser comparado a um “poderoso espelho” que revela o Nam-myoho-rengue-kyo inerente na vida de cada pessoa. Embora esta Lei Suprema esteja dentro de cada um, é impossível evidenciá-la sozinho. Somente Nitiren Daishonin, por ser o Buda Original, pôde fazê-lo. E para todas as pessoas atingirem o estado de Buda, Daishonin incorporou sua própria vida ao Gohonzon.
O presidente Daisaku Ikeda enfatiza: “A Lei Mística é invisível. Apesar disso, não há dúvidas sobre sua existência. Nitiren Daishonin revelou o Supremo Objeto de Devoção, o Gohonzon, na forma de um mandala para extrairmos e manifestarmos o poder da Lei Mística de nossa vida. É por isso que o segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, expôs esse fato de uma maneira fácil de compreender, dizendo: ‘Perdoem-me por utilizar uma analogia tão simples, mas o Gohonzon pode ser comparado a uma máquina de fazer felicidade’. Quando fazemos o Gongyo e o Daimoku diante do Gohonzon, o microcosmo de nossa vida individual entra em fusão com o macrocosmo do Universo”. (Brasil Seikyo, edição no 1.484, 14 de novembro de 1998, pág. 3.)

Kenzoku - Relação Compartilhada

Pergunta: Conforme o “princípio místico de relacionamento” (kenzoku-myo), como devo cumprir a minha missão em perfeita união com as pessoas com quem me relaciono?
Resposta: No budismo, os laços de pais e filhos, irmãos e irmãs, ou marido e mulher são formados pelo carma, criado em existências passadas. Não é por acaso que pertencemos a uma mesma família e nos relacionamos com determinadas pessoas. Portanto, em vez de ficarmos acusando um ao outro como o causador das dificuldades, devemos nos ajudar e nos encorajar.
No escrito “Carta aos Irmãos”, Nitiren Daishonin exemplifica essa relação ao afirmar: “Quando seu marido é feliz, a esposa será realizada. Se seu marido é um ladrão, ela se tornará uma ladra também”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, pág. 241.) Muitos poderão discordar, replicando que a mulher tem uma identidade separada do marido. Porém, observando o trecho anterior desse escrito: “Se um dos senhores desistir no meio do caminho, ambos falharão em alcançar o estado de Buda” (ibidem), podemos compreender o real significado desta afirmação de Daishonin.
Fundamentalmente, nossa felicidade ou iluminação depende unicamente de nossos esforços e não das ações de outras pessoas. Porém, quando compartilhamos uma relação próxima ou um compromisso com outra pessoa, nossa vida torna-se ligada à dela e, nesse sentido, não podemos estar completamente satisfeitos se ele ou ela estiver infeliz. Mesmo que uma mulher seja feliz individualmente, se o marido a quem ama estiver sofrendo ela se sentirá insatisfeita. Por essa razão, ela deve apoiar os esforços do marido para tornar-se feliz. E, naturalmente, este mesmo raciocínio mantém-se verdadeiro na atitude de um marido em relação à sua esposa.
Praticamos o budismo para beneficiar não só a nós mesmos, como todos ao nosso redor e, em um sentido mais amplo, toda a humanidade. Nós, que abraçamos a Lei Mística, somos fundamentalmente nobres Bodhisattvas da Terra. Somos companheiros que prometemos, juntos, na Cerimônia no Ar, realizar o Kossen-rufu.
É essa missão em comum que nos une, nos faz transcender as diferenças, nos aproxima e nos permite conquistar a felicidade.
O importante é realizarmos uma prática para compreender a cada momento a nossa missão naquele local ou com aquelas pessoas, percebendo que a existência do outro, algumas vezes, parece ser um “problema”, mas é a oportunidade de transformarmos as causas negativas que criamos ao longo de várias existências.
O nosso ambiente é como um espelho que reflete a essência de nossa própria vida, mostrando claramente aquilo que precisamos mudar.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, observou certa vez que percebe constantemente, mesmo no caso de simpatizantes, pessoas que tiveram problemas com doenças ensinarem o budismo para outras nas mesmas condições. Segundo ele, perante o Gohonzon, todas as pessoas são iguais e não há nenhuma distinção. Mas pessoas problemáticas geralmente possuem como kenzoku pessoas igualmente problemáticas e difíceis.
O budismo nos direciona a fazer causas positivas que nos permitem mudar o rumo de nossa vida, podendo compartilhar uma grande transformação com as pessoas à nossa volta.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O coração do grande rei leão

Numa sessão de perguntas e respostas com o coordenador do Departamento de Estudo de Budismo da SGI, Katsuji Saito, durante o 2o Curso Latino-Americano de Budismo, realizado em janeiro deste ano, no Centro Cultural Campestre, um dos participantes perguntou: “Qual deve ser a postura do discípulo para que o Kossen-rufu não se perca e possa ser eternizado?” O Sr. Saito respondeu que se o discípulo levantar-se com o mesmo coração do mestre, então o Kossen-rufu poderá ser eternizado. Entendemos, portanto, que a chave é a unicidade de mestre e discípulo.
O coração do grande rei leão é constituído por dois importantes pontos — o coração do Buda e o espírito do Buda.
O coração do Buda refere-se ao grande desejo do Buda pela ampla propagação da Lei, isto é, o desejo pelo Kossen-rufu. Em japonês, é expresso pela palavra daigan, que é compreendido também por “juramento”.
O espírito do Buda é o espírito de não poupar a própria vida (“fuji-shaku-shum-myo”, em japonês). Não significa morrer pela lei, mas, sim, dedicar a vida, viver plenamente pela lei, colocando o Kossen-rufu em primeiro lugar.
Assim, daigan e o espírito de fuji-shaku-shim-myo constituem o coração do grande rei leão.
Os seguintes trechos da explanação do escrito “Herança da Suprema Lei da Vida” elucidam esse ponto. Nela, Nitiren refere-se à questão de como podemos herdar a lei e manifestá-la em nossa própria vida:
“Nitiren tem se dedicado a despertar todas as pessoas do Japão para a fé no Sutra de Lótus de modo que elas também compartilhem essa herança e alcancem o estado de Buda. Entretanto, em vez disso, elas têm me perseguido de várias formas e finalmente me baniram para esta ilha. Todavia, o senhor seguiu Nitiren e, como resultado, enfrentou sofrimentos. Sofro profundamente ao pensar em sua angústia. O ouro não pode ser queimado pelo fogo e tampouco corroído nem destruído pela água, mas o ferro pode. Uma pessoa nobre é como o ouro, ao passo que o tolo é como o ferro. O senhor é como o ouro puro porque abraça o ‘ouro’ do Sutra de Lótus. O sutra afirma: ‘Assim como dentre todas as montanhas o Monte Sumeru é o primeiro, esse Sutra de Lótus também é o primeiro entre todos os outros sutras.’ O sutra também declara: ‘A boa sorte que o senhor acumula por isso... não pode ser destruída pelo fogo nem corroída pela água’. Devem ter sido os laços cármicos do distante passado que fizeram com que o senhor se tornasse meu discípulo em uma época como esta. Sakyamuni e Muitos Tesouros com certeza atestam esse fato. A declaração do sutra de que ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram vários lugares, várias terras do Buda e constantemente renasceram em companhia de seus mestres’, não pode, de maneira alguma, ser falsa.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 3, págs. 176–178.)
Daishonin incentiva ao máximo Sairembo, o recebedor dessa carta, pela sua persistência na fé sem se entregar perante as dificuldades. E ensina sobre o profundo significado da unicidade de mestre e discípulo (shitei funi).
Logo no início, Daishonin elucida sobre o coração do mestre, declarando Nitiren ter se dedicado a despertar todas as pessoas do Japão para a fé no Sutra de Lótus de modo que elas também compartilhem essa herança e alcancem o estado de Buda. Esse é o juramento do Buda em querer a iluminação de todas as pessoas conforme elucidado no Sutra de Lótus, e é o próprio juramento do Kossen-rufu (Daigan).
Um aspecto de fundamental importância contido nesse escrito é que, no budismo, essa herança da suprema Lei da vida é aberta a todas as pessoas. Ao compreendermos o profundo significado desse aspecto da herança da Lei, torna-se nítida a diferença entre a religião mundial do humanismo, promovida pela SGI, e o autoritarismo do clero.

Abraçar o Gohonzon é a própria iluminação

Qual é a razão disso? Um buda é aquele que serviu a centenas, a milhares, a dezenas de milhares, a incontáveis budas e executou um número incalculável de práticas religiosas. Ele se empenha corajosa e ininterruptamente e seu nome é universalmente conhecido. Um buda é aquele que compreendeu a Lei insondável e nunca antes revelada, pregando-a de acordo com a capacidade das pessoas, ainda que seja difícil de compreender sua intenção. (LS2, 23–24.)
Nessa passagem, Sakyamuni menciona as práticas realizadas em existências prévias para indicar que a sabedoria dos budas é infinitamente profunda e imensurável. Um buda é aquele que serviu a incontáveis outros budas em existências anteriores e conduziu corajosa e ininterruptamente incalculáveis práticas para então se iluminar a uma Lei extraordinária.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “Um buda é aquele que experimentou e realizou todas as formas de práticas em existências prévias. Nesse sentido, ‘buda’ significa um ‘perito na prática budista’. Sakyamuni vivenciou a experiência e os benefícios e todas as práticas que realizou no passado. Por essa razão, conseguiu expor os ensinos que se adequavam perfeitamente à capacidade das pessoas e ao tempo. Um buda é alguém cuja riqueza de experiências no passado produz uma riqueza espiritual no presente”. (Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo [PHJ], pág. 63.)
Para Sakyamuni, as pessoas não deveriam realizar as mesmas práticas religiosas que ele havia feito. Na verdade, ele tentava ensiná-las a acreditar no Buda que possui esses méritos, depositando a fé no ensino exposto por ele.
Nos dias atuais, realizar “um número incalculável de práticas”, servindo a incontáveis budas é recitar o Nam-myoho-rengue-kyo, revelado por Nitiren Daishonin. Ele afirma: “Os cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo, o âmago do ensino essencial do Sutra de Lótus, contêm todos os benefícios acumulados pelas práticas benéficas e atos meritórios de todos os budas por todo o passado, presente e futuro”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin [END], vol. IV, pág. 246.)
Esse mantra é a “Lei insondável” e as pessoas que o recitam diante do Gohonzon, o objeto de devoção inscrito por Daishonin, e a propagam, podem atingir o estado de Buda. O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, observa: “Do ponto de vista dos ensinos de Nitiren Daishonin, o Buda (o Gohonzon) de Nam-myoho-rengue-kyo é a Lei fundamental que dá surgimento a cem, a mil, a dez mil ou a um milhão de budas. Portanto, ao recitarmos simplesmente o Nam-myoho-rengue-kyo obtemos mais benefícios do que conseguiríamos servindo pessoalmente a muitos budas por meio de árduas austeridades. O benefício desta única prática equivale ao de um número incalculável de austeridades realizadas por todos os budas”. (PHJ, pág. 67.)
Daishonin revela que “abraçar o Gohozon é a própria iluminação” (juji soku kanjin, em japonês). No escrito “O Verdadeiro Objeto de Devoção”, ele afirma: “Tanto as práticas como as virtudes resultantes que o Buda Sakyamuni alcançou estão todas contidas em uma única frase, Myoho-rengue-kyo. Se acreditarmos nisso, naturalmente teremos garantido os mesmos benefícios que ele teve”. (END, vol. I, pág. 72.)
Com relação à passagem “Ele se empenha corajosa e ininterruptamente” (Yumyo shojin), o 26o sumo-prelado, Nitikan Shonin, interpretou “corajosa” como agir com coragem e “ininterruptamente”, usar totalmente a sabedoria. Ele explica que “corajosa e ininterruptamente” significa exercitar corajosamente o poder da fé ao máximo.
Do ponto de vista do Budismo Nitiren, “ininterrupto” significa realizar as práticas individual (recitação do Gongyo e Daimoku) e altruística (ensinar o budismo a outras pessoas). Nitikan ensina que o mais importante é recitar o Daimoku a cada dia com sinceridade e consistência. Somente então essa prática servirá para polir a vida e se atingir o estado de Buda na presente existência.
O presidente Ikeda observa: “Podemos atingir imediatamente essa vasta condição de vida do estado de Buda — exatamente agora, exatamente onde estamos. Dessa forma, na sociedade contamos aos outros sobre a alegria que experimentamos ao manifestar esse estado de vida. Essa prática representa a quintessência do Budismo de Nitiren Daishonin”. (PHJ, pág. 68.)
O trecho “seu nome é universalmente conhecido” se refere ao reconhecimento daqueles que se empenharam na prática de forma corajosa e ininterrupta. Com sua prática budista exemplar, eles comovem o coração de todos os budas e bodhisattvas das dez direções e são protegidos por eles. No escrito “Resposta a Kyo’o”, Daishonin afirma que aqueles que recitam devotadamente o Daimoku conseguem superar quaisquer obstáculos.
Segundo Tient’ai, a “Lei insondável”, descrita nessa passagem significa “aprofundar-se até chegar à própria essência da iluminação”. E “nunca antes revelada” indica que até então ninguém conhecia essa Lei e que o próprio Sakyamuni a desconhecia até atingir a iluminação.
Todos os ensinos anteriores ao Sutra de Lótus foram ensinados pelo Buda de “acordo com a capacidade das pessoas”. Esses ensinos pré-Sutra de Lótus tinham como finalidade despertar as pessoas para a Lei única ensinada no Sutra de Lótus.
Jossei Toda explica que “um buda é aquele que compreendeu a Lei insondável e nunca antes revelada” refere-se ao Dai-Gohonzon do Budismo Nitiren.
E “ainda que seja difícil compreender sua intenção”, à visão limitada dos mortais comuns que torna difícil despertarem para a essência do Gohonzon. Ele observa que somente com a fé no Gohonzon se consegue fazer emergir a mais elevada sabedoria, ou a percepção de um buda.
A “intenção” de Nitiren é possibilitar todas as pessoas a se tornarem budas. Portanto, é impossível aqueles que abraçam seu budismo por toda a vida não atingirem a verdadeira felicidade, conforme ele ensina: “Desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de Buda”. (END, vol. II, pág. 205.)
Aqueles que consideram os acontecimentos da vida como um caminho para se atingir a felicidade, como um treinamento para polir a vida, compreenderão mais tarde o profundo “significado” e a “intenção” de cada um desses acontecimentos.
Quando se ora sinceramente ao Gohonzon, é possível compreender a “intenção” do buda.

Crise familiar e Revolução Humana

Na “Carta a Itinosawa Nyudo” consta a seguinte passagem: “Suponha que haja um jovem casal. O marido ama muito a sua esposa e a esposa pensa tão ternamente em seu marido que se esquecem completamente de seus pais. Em decorrência disso, os pais andam com roupas pouco espessas, enquanto o quarto do jovem casal é quente e aconchegante. Os pais não têm nada para comer, ao passo que os estômagos dos dois estão cheios. Esses jovens estão cometendo o pior tipo de conduta filial, e, no entanto, eles não vêem que estão fazendo algo errado. E uma esposa que deliberadamente dá as costas à sua própria mãe e um marido que vai contra o seu próprio pai não são culpados de uma ofensa ainda mais grave? (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 6, pág. 107.)
Nitiren Daishonin descreve nesse trecho uma conduta familiar em que são gerados causas e efeitos negativos pela relação hostil entre os familiares. Os pais de hoje foram jovens no passado e podem não ter prestado o devido cuidado a seus pais. Como efeito disso, são maltratados agora por seus filhos. Esses filhos, quando se tornarem idosos, serão desprezados da mesma forma. Caso esse ciclo não seja interrompido, isto é, se pais e filhos não se esforçarem para criar uma relação de respeito, de harmonia e de compreensão mútua, uns apoiando os outros, a felicidade será apenas um sonho distante.
Muitas vezes, os familiares sentem-se impotentes diante da crise familiar pelo fato de a solução depender unicamente deles mesmos. Nesse sentido, entre todas as dificuldades, os conflitos familiares são os mais difíceis e mais demorados de serem resolvidos quando continuarem agindo como simples mortais comuns.
A forma de transformar a crise familiar é o aperfeiçoamento consciente das qualidades e virtudes do único responsável que é o ser humano. Isto é chamado de revolução humana, cujo processo ocorre concretamente em meio às crises de relacionamento humano.
O ser humano é o protagonista de todos os problemas como também de todas as soluções. Tanto na menor unidade social chamada família, como nas maiores, como a comunidade, associações, empresa, governo ou nação, a tarefa de maior importância é o aperfeiçoamento do ser humano e a criação de excelentes valores humanos.

Intolerância entre familiares

Uma das relações familiares que gera constante conflito é a intolerância entre nora e sogra. Essa crise provém da natureza humana, que muitas vezes recusa-se a “compartilhar uma mesma propriedade”, isto é, os filhos. Essa natureza ou estado de vida vem à tona principalmente quando a relação entre familiares se torna mais acentuada, por exemplo, num convívio sob o mesmo teto. Essa relação somente se normalizará quando essas pessoas desafiarem a transformação dessa natureza própria do ser humano, deixarem de lado a disputa e direcionarem seus esforços para o bem-estar familiar.
No escrito “Carta aos Irmãos” que Nitiren enviou aos irmãos Ikegami, Munenaka e Munenaga, ele fez as seguintes recomendações: “Os senhores são como duas asas de um pássaro ou os dois olhos de um homem, e suas esposas são seus apoios. As mulheres estão numa posição de seguir e, ao mesmo tempo, de guiar os outros. Quando seu marido é feliz, a esposa sentirá realizada. Se seu marido é um ladrão, ela será também uma ladra. Isto não é um assunto somente desta existência”. (Ibidem, vol. 1, pág. 241.)

O relacionamento ideal

Nesse mesmo escrito, Nitiren destaca a relação entre marido e mulher com as seguintes comparações: “Um marido e sua esposa são tão íntimos como um corpo e sua sombra, as flores e seus frutos, ou as raízes e suas folhas em cada existência da vida. Os insetos comem as árvores em que vivem, e os peixes bebem a água em que nadam. Se a grama murcha, as orquídeas sofrem, e se os pinheiros prosperam, os carvalhos exultam. Mesmo árvores e gramas estão intimamente relacionados. Hiyoku é um pássaro com um corpo e duas cabeças e suas bocas nutrem um mesmo corpo. Hihoku é um peixe de um olho só e, assim, o macho e a fêmea permanecem juntos por toda a vida. Isto é ser marido e mulher”. (Ibidem, pág. 242.)
Conforme ensina o budismo, as pessoas criam causas positivas ou negativas por três meios: pela cabeça, pela boca e pelo corpo, que são as ações geradas pelo pensamento, pela fala e pela conduta. E essas ações são mais freqüentes e mais profundas nas relações familiares.
Aprimorar essas ações no convívio familiar é, portanto, de suma importância para se criar e compartilhar a harmonia e a felicidade entre os familiares.
Assim, criar a harmonia familiar é algo plenamente possível em qualquer situação. E isso deve ser tentado sempre, por mais que aparentemente dependa da boa-vontade de outros. Pensar o contrário é, na prática, ir contra a própria noção de família, esta já tão desconsiderada nos dias de hoje.

Os benefícios da prática budista

Sem perceber a natureza da própria vida, as pessoas não conseguem erradicar as graves ofensas, que se referem à ignorância, a origem de todo o mal. Essa ignorância faz com que as pessoas cometam calúnias à Lei, denegrindo-a ou ao ensino correto do Budismo Nitiren.
No Budismo de Tient’ai, somente é possível erradicar essa ignorância por meio da prática da observação da própria mente; em outras palavras, da sabedoria. No Budismo Nitiren, a escuridão fundamental é erradicada pela espada cortante da fé, de acordo com o princípio de “substituição da sabedoria pela fé”. Essa é a essência da prática da recitação do Daimoku.
Ou seja, se a pessoa buscar a iluminação ou o benefício fora de si, não estará seguindo a prática da “observação da própria mente” — o caminho que permite vencer o mal fundamental da ignorância ou escuridão. Por isso, todos os esforços e boas ações para atingir a iluminação serão sem efeito; inúteis como calcular a imensa riqueza do vizinho. Como nenhuma dessas atitudes levará à erradicação da ignorância, se tornará uma “austeridade angustiante e sem fim”.
Por exemplo, se recitar Daimoku e, ao mesmo tempo, culpar os outros ou as circunstâncias, estará evitando o desafio de enfrentar a própria ignorância ou escuridão. Isso é o mesmo que buscar a iluminação ou os benefícios fora de si. Ao mudar interiormente num nível fundamental, começará a melhorar a situação. A oração é a força motriz dessa mudança.
É também importante não cair na armadilha de desenvolver uma fé dependente, depositando as esperanças de que as orações serão respondidas graças a poderes divinos ou transcendentais de deuses e budas. Esse é um exemplo típico de uma pessoa que vê a Lei fora de si mesma. Esse tipo de fé, cuja essência é o escapismo, era mantida pelos seguidores dos budas provisórios dos ensinos pré Sutra de Lótus.
Mesmo que esteja sofrendo, se tiver uma fé dependente, evitará os problemas. Não terá coragem para desafiar nem realizar esforços para mudar as circunstâncias. No entanto, sem empenho não há como acionar as engrenagens da revolução humana. Nesse caso, a fé serve como escudo para as pessoas se esconderem e fugir da realidade. Assim, elas esperam que os benefícios aconteçam apenas por estarem praticando o budismo. Sem enfrentar de frente os problemas e situações, nada muda, levando à dúvida.
As queixas e as lamentações são as principais portas pelas quais as dúvidas e as descrenças se infiltram. Porém, muitas vezes, mesmo sabendo que estão erradas, as pessoas agem dessa forma. Quando queixas e lamentações se tornam um hábito, funcionam como um freio que as impedem de crescer e avançar. É como se bloqueassem seu potencial, caindo no caminho da busca pela Lei fora de si mesma. Apesar de ser um grande desafio parar de lamentar, a Lei Mística possibilita às pessoas manifestarem a sabedoria para controlar essas tendências e usá-las como um trampolim para o crescimento e o desenvolvimento individual.

O budismo e a sociedade

A SGI, presente em 190 países e territórios, completou neste ano 33 anos de existência. Ela possui mais de 12 milhões de integrantes que praticam o Budismo Nitiren. Isso é extraordinário, considerando que esse budismo possui 754 anos de existência, e foram somente nos últimos 70 anos que ocorreu esse desenvolvimento.
Sem dúvida alguma, esse é o resultado dos incansáveis esforços dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai, em especial, do terceiro e atual presidente da SGI, Daisaku Ikeda. Por meio de seu próprio exemplo, ele tem ensinado aos integrantes da SGI que o “budismo é a própria sociedade”, liderando-os na propagação desse budismo em todo o mundo.
Podemos afirmar também que o budismo e a sociedade são unos. O budismo é como se fosse o corpo e a sociedade sua sombra. A fé equivale à vida diária e se manifesta diretamente na sociedade. O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, dizia que para impulsionarmos o movimento do Kossen-rufu e conquistarmos a confiança na sociedade precisamos fazer de nossas interações com os outros o fundamento de nossa vida. “Não estamos vendendo nenhum produto físico, mas, sim, nós mesmos como indivíduos”, ele dizia.
Precisamos conversar com as pessoas a respeito de nossa fé e convicções com sinceridade à nossa própria maneira, com o orgulho de sermos os supremos defensores da humanidade, afirma o presidente Ikeda.
Uma das diretrizes eternas da Soka Gakkai é a “Prática da fé para a felicidade individual”. Por meio da comprovação pessoal é que propagamos o budismo entre as pessoas de nosso convívio. O presidente Ikeda afirma: “Nós podemos definitivamente nos tornar felizes. Esta é uma promessa de Daishonin. A fé equivale à vida diária. Enquanto nos empenhamos corajosamente na sociedade, estamos propagando o Kossen-rufu pelo bem da Lei e pela felicidade dos seres humanos. Como resultado de nossos esforços, um grandioso benefício brotará em nossa vida. E também podemos conduzir outras pessoas ligadas a nós ao caminho da felicidade”.
Sendo assim, concluí­mos que o “budismo e a sociedade” formam um só corpo e estão inseridos em nossa realidade. Praticar este budismo em meio à sociedade é uma oportunidade de mostrar a todos que, baseados numa maravilhosa filosofia de vida, podemos realmente transformar a vida, conquistar a verdadeira felicidade e paz e, tal como o sol, iluminar a vida das pessoas, influenciando-as positivamente.
Nitiren Daishonin afirma em um escrito: “Mesmo que uma pessoa não pratique este budismo, se simpatiza e compreende aqueles que praticam e se alegra pelo fato da Lei Mística se propagar em seu país, então isso, em si, se tornará um grande elo ou relação com o budismo. Sendo assim, essa pessoa será envolvida por uma imensa boa sorte e felicidade”.
O desafio de cada integrante da SGI é viver como bons cidadãos de pura fé e, com base na unicidade de mestre e discípulo, comprovar a veracidade deste budismo na sociedade e formar o maior número de amigos da Lei Mística.

Como ser uma pessoa melhor para o mundo

Existem ocasiões em que nos deparamos com dificuldades que nos deixam tristes e desanimados. Com isso, acabamos esquecendo nossos sonhos, objetivos.
Como seres humanos, é natural manifestarmos essa tendência. Porém, conhecemos a filosofia capaz de mudar o curso de nossa vida, extraindo todo o sofrimento e proporcionando nossa revolução humana. Assim, nesses momentos de “profunda escuridão”, podemos fazer brilhar a luz da esperança, convicção, coragem e vitória.
Quanto maiores forem as dificuldades pelas quais passarmos, mais fortes ficaremos, cresceremos ainda mais como seres humanos e viveremos de forma mais significativa. Todas as nossas dificuldades transformam-se em tesouros. Assim é o mundo da fé. Não é uma questão de resultados imediatos. Nossa vida será plena com a imensurável boa sorte a que chamamos de ‘benefício inconspícuo’.
Por pior que seja a circunstância em que me encontro, sempre atento para quatro pontos, que penso serem fundamentais para a vitória. Gostaria de compartilhá-los com todos:
1) O espírito de “levantar-se só”. Relembro a árdua luta do mestre em romper todas as barreiras, com o objetivo de não poupar a própria vida na expansão do Kossen-rufu em prol de cada um de nós. Dessa forma, ele vem vencendo a cada dia.
2) Força e determinação. Tudo depende de mim. É importante vencer a si próprio criando a causa para a vitória. O desafio em realizar o Daimoku nos conduzirá ao caminho correto, como também o diálogo com nossos veteranos.
3) Estudo do budismo. Sem o estudo, é como se estivéssemos perdidos em um labirinto, rodando sem parar. Estudando o budismo, fortalecemo-nos e compreendemos o que passamos para saber como agir.
4) Companheirismo.
Ao vencermos, temos a oportunidade de compartilhar com nossos companheiros a vitória conquistada, incentivando-os a vencerem também. Além disso, podemos nos tornar uma boa referência nesta época turbulenta, realizando o Chakubuku.
Vamos fazer de cada dia um momento de renovada decisão. Criaremos, dessa forma, contínuas vitórias, construindo o “livro de ouro” de nossa vida, no qual se resumirá em nosso espírito de superar a tudo embasado na prática da fé e na sincera relação de mestre e discípulo.

Polindo a nós mesmos para merecer uma Alma Gêmea ideal

Uma das mais crescentes e pungentes dores que a maioria dos seres humanos tem vivido é o processo de encontrar uma alma gêmea ideal. Muitos concluíram que isso era tão doloroso e fisicamente exaustivo que tenta qualquer coisa que possam encontrar para superar tal dor.
     Apesar de suas repetidas tentativas, não podem fazer nada para evitar que isso penetre lentamente e inteiramente em suas vidas.
     Como alguém pode encontrar a pessoa certa, no momento certo, apaixonar-se e nutrir-se mutuamente? A maioria das pessoas se sente perdida por não saber realmente como tratar todas essas variáveis, fatores e critérios complicados para, entre duas pessoas comuns, poder encontrar um bom companheiro enfrentando infindáveis frustrações, tormentos e lutas através de incontáveis tentativas e erros.
     Sermos bem-sucedidos em encontrarmos um companheiro ideal parece ser um objetivo muito árduo e difícil de atingir. Parece que as pessoas de sorte são apenas algumas entre centenas de milhares. Mas seja quais forem as chances mínimas, elas são relativamente abundantes se comparadas com a probabilidade de encontrar e abraçar o Sutra de Lótus.
     Vamos ouvir o que Nitiren Daishonin diz sobre essa chance exígua: “Por tanto, encontrar-se com o Sutra de Lótus é comparável a ver a flor udongue que floresce somente uma vez em três mil anos, ou comparável à tartaruga caolha que pode encontrar somente uma vez em incontáveis kalpas.” (Sobre o Daimoku do Sutra de Lótus, Seleção de Gosho, pág.74 – excluído no gosho publicado no END, vol. III, pág.187) Olhem e observem! Nós como praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin que recitamos Nam-myoho-rengue-kyo, já tiramos a sorte grande!
    Nitiren Daishonin todavia continua: “O oitavo volume do “Myo-Hokekyo” diz: “aquele que abraça esse Sutra de Lótus obterá insondável boa sorte.” (também eliminado no END)  Não há dúvida de que sendo praticantes do Sutra de Lótus, herdamos dentro de nossas vidas a imensurável boa sorte, abrangendo tudo. Desde que façamos as causas corretas seremos capazes de manifestar toda a boa sorte e desfruta-la, Dessa maneira, se aplicarmos a estratégia do Sutra de Lótus para polir nossas vidas escrupulosamente, estaremos nos preparando para reivindicar a sorte que nos é devida. Dentre as espécies de sorte, a sorte de encontrar nossa alma gêmea ideal, não obstante as chances escassas. Na mesma carta, Nitiren Daishonin também afirma:“Os ensinos essencial e teórico do Sutra de Lótus foram como o Sol e a Lua. Entre os Bodhisattvas com os seus dois olhos, os homens estrábicos, dos dois veículos, os mortais comuns com seus olhos cegos. (...) Em prosseguimento, os olhos cegos dos mortais comuns foram abertos...” (END, vol.III, págs. 188-189)
    Assim, com nossos olhos abertos, a porta da sabedoria do Buda, a sabedoria que está inerente na vida humana foi também aberta. Neste caso, qual seria o dilema de relacionamento para o qual não podemos encontrar a solução, e que caso de amor semelhante a um labirinto para o qual não podemos avistar um caminho mais curto fora disso? O budismo ensina que todos os problemas e suas soluções surgem de dentro de nossas vidas. Portanto, se estamos vivenciando dificuldades em encontrar nossa alma gêmea ideal, sabemos que nós mesmos somos as fontes máximas para a resposta de como ser vitorioso neste objetivo. 

Por Jeanny Chen
Tradução por Milla Queiroga, revisão por Ariel Ricci e Marly Contesini

Daimoku e Gongyo

Ultimamente, tem se comentado na organização, entre líderes e membros, que algumas pessoas fazem a recitação do Gongyo e Daimoku numa velocidade muita rápida. Conseqüentemente, algumas palavras podem ser omitidas ou a pronúncia das mesmas ficam comprometidas, dificultando o seu entendimento. Por outro lado, outras pessoas recitam muito lentamente, exigindo uma luta, às vezes árdua, contra o sono que se manifesta. Um importante requisito a ser observado na recitação do sutra e do Daimoku é o seu ritmo. A condição primordial é a realização com pronúncia correta, num ritmo harmonioso, seja rápido ou lento.
Qual é, então, o ritmo correto de recitação? O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, esclarece: “O Gongyo e o Daimoku não devem ser muito rápidos nem lentos demais, e também nem com uma voz muito alta nem muito baixa. Nossa recitação deve ter um ritmo vigoroso. A velocidade do Gongyo também depende de fatores como a idade da pessoa, a hora e o local onde estamos realizando nossa prática. Portanto, não se preocupem demais com qual deve ser o ritmo correto. Apenas realize o Gongyo da maneira mais natural e confortável possível. Certa vez, um dos meus veteranos afirmou que o ritmo do Gongyo deveria ser como o galope de um cavalo”.

Concentração é fundamental

Um outro fato que se observa muito é a prática como mera formalidade, em que os olhos do praticante estão mais voltados para o relógio, ansioso em concluir a recitação do Daimoku. Ou ainda, cansado dos afazeres diários, não consegue se concentrar na prática, perdendo-se nos trechos do sutra; além de ouvir o Daimoku em ritmo alterado e indistinguível. Observa-se também nas reuniões de Daimoku muitas pessoas com os olhos fechados, outras conversando entre si ou lendo jornais e revistas. Podemos sim, elogiar os esforços das pessoas que, mesmo exaustas, desafiam a prática do Gongyo e Daimoku. Contudo, essa prática deve estar de acordo com o princípio de que “a fé manifesta-se na vida diária”. Ou seja, dedicar-se com o espírito de desafio baseado na sabedoria, razão e bom senso.
Nosso mestre, o presidente Ikeda, afirma: “O Gongyo é uma cerimônia solene. Quando realizamos o Gongyo, abrimos amplamente as portas que conduzem ao nosso tesouro inerente; extraímos a fonte dinâmica da energia vital latente na profunda vastidão de nosso ser, fazendo transbordar uma fonte inesgotável de sabedoria, benevolência e coragem”.

Orações silenciosas

É preciso mencionar ainda que existem comentários, principalmente dos membros, dando conta que os dirigentes fazem os oferecimentos das orações silenciosas muito rápidos quando estão liderando o Gongyo. Até indagam se, realmente, estão efetuando toda a leitura dos respectivos textos. Em contrapartida, existem pessoas que dedicam longo tempo como se estivessem meditando. Este jornal já publicou uma matéria, citando importantes considerações do presidente Ikeda de como conduzir as orações silenciosas (edição no 1.885, de 31 de março de 2007, pág. A7). Contudo, lembramos que os textos das orações silenciosas em japonês são mais curtos se comparados aos respectivos textos em português, o que pode resultar numa ligeira diferença na duração do tempo de leitura.
De toda a forma, o ponto mais importante ao oferecer as orações silenciosas é o profundo sentimento que manifestamos diante do Gohonzon. É uma prática que não se trata de proceder simplesmente à leitura silenciosa dos textos mas, acima de tudo, de manifestar toda a nossa sinceridade e gratidão, orando profundamente em conformidade com o conteúdo dos textos. Proceder à prática da oração silenciosa no Gongyo significa pensar profundamente, concentrando o sentimento em objetos ou leis. Podemos afirmar que os textos das orações silenciosas tornam-se verdadeiros quando eles exprimem o nosso sincero sentimento. Corresponde, na verdade, ao sentimento íntimo.
Numa carta endereçada a uma pessoa que se encontrava impossibilitada de praticar, Nitiren Daishonin demonstra, com benevolência, a sua flexibilidade no aspecto formal da prática, dizendo: “Se a senhora se sente tão mal, então dispense a leitura do Sutra e recite simplesmente o Nam-myoho-rengue-kyo. Da mesma forma, quando fizer suas devoções, não precisa curvar-se diante do Sutra (Gohonzon)”. (The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol. VI, pág. 13.)3 Nesta passagem, Nitiren Daishonin afirma que é perfeitamente aceitável recitar apenas Daimoku. Além disso, ele afirma também que a pessoa não precisa necessariamente fazer o Gongyo ou recitar o Daimoku diante do Gohonzon. Ele leva em consideração ainda o caso em que uma pessoa (incapacitada por doença ou por alguma outra razão) possa fazer o Gongyo ou recitar Daimoku deitada.
Entretanto, não devemos nos tornar preguiçosos e relaxados na prática, usando-se desse escrito ou outras orientações para justificar a negligência da nossa prática. O prejuízo será de nós mesmos.

Sutra de Lótus - Ensino Essencial

Um grande número de sutras budistas tem chegado ao nosso conhecimento, tanto que de fato eles são conhecidos como oitenta mil ou oitenta e quatro mil ensinos. Gostaríamos de saber como uma coleção tão vasta pôde ser compilada e se de fato ela era realmente necessária. As Escrituras de Nitiren Daishonin (1222-1282), contudo, revelam a chave deste enigma.
No "Os ensinos declarados por todos os Budas através do tempo", ele afirma claramente: "Os oitenta e quatro mil ensinos são o diário da minha própria vida."
Os sutras explicam a essência de uma simples vida humana a qual faz parte da vida cósmica. Em conjunto eles revelam uma filosofia completa de vida. O Budismo visa iluminar cada detalhe da vida de todas as coisas do universo - vidas que continuam do passado infinito ao futuro eterno.

Antes de revelar o profundo significado de sua iluminação, Sakyamuni teve que preparar os seus discípulos. As verdades da vida eram difíceis demais para serem compreendidas pelas pessoas comuns, pois elas eram intelectualmente deficientes.
Além disso, as pessoas desta época, estavam imersas na busca de desejos imediatos e acreditavam que os mesmos representavam a verdadeira felicidade que elas aspiravam. Por essa razão tornava-se imperioso que Sakyamuni as levasse a encarar as duras realidades da vida deste mundo. Primeiramente ele ensinou a futilidade de uma vida repleta de sofrimentos que termina com a morte e a repetição contínua desse mesmo ciclo.
A conclusão lógica desse ensino primitivo, que se tornou a base do Budismo Hinayana, estabeleceu que o único meio de escapar dos sofrimentos era extinguir sua fonte - o desejo. Isto implicava na extinção do corpo do indivíduo, por foi considerado que era a origem de todos os desejos. Assim, foi ensinado que todos deveriam procurar a extinção total dos desejos. Esse ensino era uma introdução rudimentar do profundo conceito de void ou kuu.Assim que seus discípulos começaram a compreender os seus ensinos.
Sakyamuni fez cessar a busca do void. Contou-lhes a respeito das maravilhas da terra do Buda e ensinou-lhes que existia um reino longe deste mundo transitório e mundano. Essa terra eterna e feliz que ele acabara de descrever poderia estar na parte leste ou oeste do universo e seus discípulos desejaram renascer em tal paraíso celeste. Estes ensinos passaram a ser chamados doutrina provisória do Budismo Mahayana.
Quando Sakyamuni revelou o que mais tarde seria conhecido como Sutra de Lótus, houve uma mudança radical. Ele incentivou os seus discípulos a examinarem suas próprias vidas ao invés de ficarem desejando por um outro mundo. Os primeiros quarenta e dois anos de ensino de Sakyamuni pode ser considerado como uma doutrina preparatória, os meios que conduziriam todos para a Lei Única, que fora revelada nos oito últimos anos de ensino do Sutra de Lótus.O Sutra de Lótus integra todas as verdades parciais em um todo perfeito e representa a essência e o conjunto do sistema da Filosofia Budista.
Explica a vida tanto como um todo e também nos seus mínimos detalhes. Devido a essa combinação de amplitude e detalhes, o Sutra de Lótus elucida com êxito a energia fundamental da vida - a energia vital que nutre a sabedoria inata em todas as vidas humanas e dá expressão à força da benevolência que emana no seu íntimo. O Sutra de Lótus explica o potencial infinito da vida através de parábolas e descrições de acontecimentos surpreendentes. Sakyamuni achou melhor descrever a iluminação que ele atingira e ensinou-a através de descrições da Cerimônia do Sutra de Lótus. Por essas razões o Sutra de Lótus é denominado como o auge, o ápice dos seus ensinos.
Portanto, de acordo com o buda Nitiren Daishonin, dentre todos os 28 capítulos do Sutra de Lótus, o capítulo Hoben (meios) e Juryo (Revelação da Vida Eterna do Buda) são mais importantes.